quinta-feira, 28 de junho de 2018

PRA FRENTE BRASIL!



Falar de copa do mundo é muito bom. Afinal, nada melhor que sentir o país inteiro em festa por alguma coisa, porque o brasileiro pouco tem para festejar com a ausência  de soluções vitais para seu povo. 

Mas, apesar disso, vemos que esse povo realmente é maravilhoso. É maravilhoso para os governantes que ficam em êxtase enquanto o povo torce; para os políticos que articulam suas estratégias de politicagem enquanto o povo festeja; para as empresas midiáticas, que criam as fantasias e delirantes publicidades enquanto o povo comemora; para as autoridades que burlam as leis sob o princípio da interpretação, enquanto o povo dorme para curar a ressaca. 

Esse Brasil é maravilhoso mesmo. Mas é maravilhoso assim, porque tem um povo que só chora na hora da dor, e aceita qualquer remédio que faça parar de sentir a dor. Mas esse povo nunca se preocupa em curar o mal que provoca a dor, nem mesmo de se consultar com um especialista, para saber o que está causando a sua dor.

Povo brasileiro, é um povo alegre e comunicativo. É só dar uma passadinha na porta de um botequim, que lá está aquele pobre com aquele cidadão da classe média, conversando, rindo, falando de política que eles nada entendem, mas acham que entendem porque ouviram dizer, ontem mesmo, quando ali estavam bebendo uma cervejinha noutro grupo de amigos.

E bons amigos. Bons amigos são aqueles que sempre estão ao lado do povo, cada um querendo tirar vantagem do que puder, para dizer que tem amigos, mas sem mesmo saber o que isso significa, pois, nada melhor do que beber uma cerveja num botequim para arrumar amigos.

Enquanto isso, o Brasil joga com sua seleção valente. Valente porque é formada por jogadores bilionários, que não sentem o que povo sente. Não sentem a dor de uma saúde pública falida; a falta de segurança pública que mata seus entes mais queridos; a ausência da assistência social, e de uma justiça célere e bem estruturada.

Mas esses jogadores sentem o peso da responsabilidade por serem amados ou odiados por seu povo. Isso vai depender do seu desempenho. Mas, será que é isso mesmo, ou será que eles sentem pelo resultado comercial que seus passes irão custar numa negociação entre grandes agremiações do futebol, dos empresários que vão contratar sua imagem para as riquíssimas publicidades, ou do risco que correm em perder todo o glamour e cair no ostracismo? Seria difícil advinhar tanto sentimento, diante de uma enorme distância que existe entre eles e o povo brasileiro.

Só sei que não há motivo para olhar para trás. Embora vivendo todo esse paradoxo sistêmico na sociedade, o brasileiro não olha para trás, mas em cada lance, a cada chute do seu jogador preferido na seleção, um grito se desloca da sua garganta em altos brados; "pra frente brasil!"






Um comentário:

Ivana Nazaré de Campos disse...

Belo texto. Mas nunca se esqueça que futebol é lazer e diversão, assim como o churrasco com amigos, o cinema, o teatro e o chopp no bar da esquina são. Política e situação do país é um problema que nós brasileiros provocamos ao votar errado. Quanto aos jogadores, o futebol é o trabalho deles. Trabalham para nos divertir e se são bem sucedidos, parabéns para eles. Bom dia e rumo ao hexa ;)

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